terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A luta das palavras

Em um belo dia já não era mais suficiente sussurrar palavras.

Chegou um momento em que elas queriam ser grandes, inteiras, completas.

Elas faziam um trem de informações e a todo vapor forçavam para sair goela a cima.

Mas a boca espremia seus lábios e os dentes se encaixavam perfeitamente fazendo assim uma prisão perpétua.

Prisão perpétua para as idéias.

Mas as palavras eram fortes.

Elas queriam tanto sair que arquitetaram um plano.

Começaram a fazer o corpo todo ter vontade de falar.

Mas até o corpo se calava.

Mas a vontade era tanta, mas tanta que começou a incendiar o coração, esquentar a mente.

Mas os portões da prisão, mesmo assim, se mantinham firmes em seus propósitos de segurança.

Um dia, as palavras traçaram uma tática diferente.

Deixaram de incendiarar o corpo e ousaram um caminho diferente.

Melodia.

Uma melodia suave, incessante, interminável.

As cordas vocais eram tocadas como belas harpas e, mesmo com a prisão fechada do jeito que estava o som ecoava por dentro e se projetava para fora.

Num dado momento a boca não resistiu mais segurar-se fechada e abriu os portões.

Neste instante sairam tantas palavras... foi uma explosão!

Foi dito tudo aquilo que poderia.

Ultrapassou limites.

Quebrou vasos.

Estilhaçou espelhos.

Refrescou a dor.

E as palavras puderam finalmente se tornar grandes, completas, inteiras.

As idéias procriaram.

A boca, ela não ousou novamente fechar, ficou com medo.

E assim, o trem saiu e passou, terminando na cabeça de uns, no coração de outros e surgindo sempre do mesmo lugar.


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Bruna, muito legal seu blog... não li todos ainda, mas vou ler...
    gostei muito desse acima
    bjããooo
    Marcel

    ResponderExcluir
  3. Bruna,

    Amei. Sinceramente, fiquei apaixonada por este! Foi indicar a todos.

    Beijão,
    Cynthia

    ResponderExcluir