domingo, 27 de fevereiro de 2011

Desespero

A boca forma um grito.

Ela está preparada.

A cara é de desepero.

Os olhos apertados.

As mãos na cabeça.

As águas se juntam nos olhos e formam as lágrimas.

A primeira delas quer se jogar.

A voz não sai.

Ela não ensaiou esse momento.

A dor é profunda.

O coração bate acelerado.

O corpo está agitado.

As pernas querem correr.

O corpo quer se largar.

A mente já pensou em morrer.

A mente já pensou em viver.

A mente já pensou em fugir.

Mas o grito não saiu.

E as veias do pescoço saltaram.

Os olhos apertaram mais.

Cairam duas lágrimas de cada olho.

A testa completamente enrugada.

A boca aberta até não poder mais.

Mas o não gritar a sufoca.

Cadê a voz?

Aonde ela foi parar?

É necessário ter voz para sentir o desespero?

Não basta sentir o vazio no olhar?

As lágrimas caindo?

O corpo se jogando?

A testa enrugando?

Não basta ver uma pessoa morrendo as poucos simplesmente por não conseguir gritar o que quer?

Somos um bando de matadores.

Para não morrermos matamos os outros.

Mas no final, acabamos sempre acertando o tiro da roleta russa no nosso cerébro.

Não adianta fugir, não adianta correr.

Um dia você vai apontar a arma para sua cabeça.

E aí, só haverão duas saídas:

Ou você grita.

Ou você, para sempre, se silencia.

Um comentário:

  1. Nossa... curti muito esse texto e outros também, seu estilo pra escrever se parece muito com o meu, me identifiquei bastante!!! Parabéns mesmo, de verdade!!! Ganhou mais um fã!!!
    Bjos!

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