A boca forma um grito.
Ela está preparada.
A cara é de desepero.
Os olhos apertados.
As mãos na cabeça.
As águas se juntam nos olhos e formam as lágrimas.
A primeira delas quer se jogar.
A voz não sai.
Ela não ensaiou esse momento.
A dor é profunda.
O coração bate acelerado.
O corpo está agitado.
As pernas querem correr.
O corpo quer se largar.
A mente já pensou em morrer.
A mente já pensou em viver.
A mente já pensou em fugir.
Mas o grito não saiu.
E as veias do pescoço saltaram.
Os olhos apertaram mais.
Cairam duas lágrimas de cada olho.
A testa completamente enrugada.
A boca aberta até não poder mais.
Mas o não gritar a sufoca.
Cadê a voz?
Aonde ela foi parar?
É necessário ter voz para sentir o desespero?
Não basta sentir o vazio no olhar?
As lágrimas caindo?
O corpo se jogando?
A testa enrugando?
Não basta ver uma pessoa morrendo as poucos simplesmente por não conseguir gritar o que quer?
Somos um bando de matadores.
Para não morrermos matamos os outros.
Mas no final, acabamos sempre acertando o tiro da roleta russa no nosso cerébro.
Não adianta fugir, não adianta correr.
Um dia você vai apontar a arma para sua cabeça.
E aí, só haverão duas saídas:
Ou você grita.
Ou você, para sempre, se silencia.
Nossa... curti muito esse texto e outros também, seu estilo pra escrever se parece muito com o meu, me identifiquei bastante!!! Parabéns mesmo, de verdade!!! Ganhou mais um fã!!!
ResponderExcluirBjos!