quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O dia em que descobri que sou livre (Parte 1)

O despertador tocou. 6:30. Ela levantou e o desligou. Pensou em voltar para a cama e dormir mais uns minutinhos, mas sabia que se deitasse, ficaria horas, então foi ao banheiro, ligou o chuveiro e tomou banho. Pensou que roupa vestiria. Decidiu por uma roupa simples, calça jeans, blusinha preta e um coletinho clarinho por cima. No pé, All Star preto com detalhes rosa. Brinco, colar, relógio e uma pulseira. Passou seu perfume predileto e se preparou para sair. Quando estava atravessando a sala, olhou pela janela.
- Nossa, que dia lindo.
Então ela chegou até a porta, abriu a maçaneta e saiu. Chamou o elevador, ele estava no T. Ela morava no 6 andar. O elevador chegou, ela abriu a porta e apertou o T. Chegando no terreo, tratou de se encaminhar a porta. Saiu
- Nossa, que dia lindo.
Foi caminhando até o ponto de ônibus. Ela estava pensando, como pode, num dia tão lindo como esse eu estar assim, infeliz, sem vontade de me ir aonde tenho que ir. Foi então que ela se lembrou de uma conversa que tivera com o seu melhor amigo. John. Signo: Leão. Sexualidade: Homo. Idéias: Loucas... Ela, signo: Peixes. Sexualidade: Hetero. Idéias: Sonhos.
- Sabe J. eu fico pensando, nunca mais terei essa idade, esse rosto, esse corpo, nunca mais terei este dia. Porque eu continuo me podando?
- É o que eu te falo. Você tem que aproveitar a vida. Quer sair? Saia. Quer beijar? Beije. O que você quer fazer? Faça.
- Ah, se fosse assim, tão simples...
- Sim, é simples. Nós é que complicamos.
Nós é que complicamos. Então, o ônibus chegou. Parou, abriu a porta.
- Desculpe, chamei errado.
Ela saiu correndo. Voltou para casa. Pegou sua mala. Nela algumas roupas, maquiagens, secador, algumas bijus, carteira e só. Correu até a porta, chamou o elevador e desceu, dessa vez até o -3. Pegou seu carro, um Gol geração 5 preto, colocou sua mala atrás. Ligou o carro e saiu pelo portão. Destino? Nenhum. Desligou o celular, se desconectou do mundo. Conectou-se em si e foi dirigindo. Ligou a música. Tocava "I'm Yours" - "Open up your mind and you're free". Livre pensou. Eu sou livre.
... Continua

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fantasma do passado

Se reencontrar com pessoas do passado é algo muito nostálgico.

Passam-se por nossas mentes aqueles dias em que podemos decidir o caminho...e escolhemos, meio que sem querer, o que hoje estamos colhendo. Talvez fosse melhor... Talvez fosse por algum motivo maior.

Não sei.

Mas, se reecontrar com as possibilidades... se reencontrar com as escolhas e suas consequências nem sempre é fácil.. mas às vezes é preciso.

É dificil dizer eu senti sua falta, mesmo quando se sente.

É dificil dizer...eu tremo só de pensar se devo ou não te dizer oi... mas é algo que talvez também se deva dizer.

Novamente, não sei.

Não sei o que acontece quando eu reencontro essa parte do meu passado. É como se ela não tivesse passado. É como se eu tivesse com meus 17 anos, olhando pra essa pessoa e sentindo o que eu nunca deixei de sentir, mas nunca tive coragem de mostrar.

Talvez seja por isso que não passe... porque eu não tenha tido coragem de por para fora e de dizer... meu, eu gosto de você...ou ao menos...ter tido a ousadia de roubar um beijo... um único beijo...

Os fantasmas do passado sempre arranjam um jeitinho de voltar...

Mas tem uns que a gente não quer que passe de novo...

Mas quem vai saber ... às vezes tem q deixar passar...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Amizade

Segundo Vinicius de Moraes, "A gente não faz amigos. Reconhece-os".

A gente reconhece por semelhança:

- Alguns tem os mesmos gostos

- Outros a mesma idéia

- Alguns os mesmos ideias

Fato é que ser amigo é uma relação que demanda mais do que supunhamos. As pessoas estão em constante mudança e se não regamos a nossa amizade, se não a fazemos ser presente, mesmo com a correria do dia a dia, as pessoas vão se separando pelo tempo e quando o tempo separa, é dificil haver o reecontro de caminhos.

Mas, embora seja dificil, existem aquelas amizades que começaram fraquinhas, sem muita chance de sucesso e que o tempo separou e quando houve uma cruzada nos caminhos, ressurgiu uma amizade forte, talvez porque ambas as pessoas mudaram e mudaram na mesma direção.

Fato é que ser amigo é um dom e ter amigos é essencial. Essencial para podermos relatar as coisas que vivemos...comemorar as nossas alegrias, sonhar juntos as loucuras que um dia prometemos e que talvez uma pequena parte deles realize-mos e também para poder chorar... sem medo de se sentir fraco ou frágil.

Ser amigo é conhecer o outro enquanto ele sorri e principalmente enquanto ele chora. É dar assitência... é dar conselhos e é saber diferenciar o Oi... do Oiiiiiiiiiie!.

Ter um amigo é se entregar (talvez não por completo)... mas expor a pelo menos uma pessoa, suas verdadeiras fraquezas, seus verdadeiros sorrisos.

No mundo de hoje não é fácil ter um amigo... hoje as pessoas são egoístas, não querem de jeito algum dividir ou compartilhar o carinho... a atenção...e principalmente, o amor.

Por isso... conserve bem aqueles amigos que você tem e preste atenção naqueles que você não costuma dar valor, mas que sempre que você precisa está lá.

Porque no final, a gente não faz amigos. Reconhece-os!

domingo, 26 de setembro de 2010

Conceitos

Dizer que nada muda... é mentira.

A mudança está em cada momento, em cada novo passo.

Mudar faz parte da vida... da grande vida que não permite ensaios, que não permite rascunhos...

Mudar faz parte do crescimento, às vezes dolorido, às vezes mal sentido... às vezes, necessário.

Mudamos mais do que mudar de corte de cabelo ou de roupa, mudamos de idéias, mudamos as atitudes, mudamos os sorrisos.

Despimo-nos dos velhos conceitos e ganhamos novos. Deixamos para trás os anos passados e ganhamos novos dias... novas horas, novos minutos.

A fração dos segundo nos molda, nos muda... e nós decidimos se vamos evoluir e nos descobrir ou se vamos, para sempre, ficar a mercê de nós mesmos e seguir aquilo que nos disseram a tanto tempo atrás e que os loucos já nem mais se lembram.

Quando ganhamos a consciência de nossos atos, ganhamos junto a responsabilidade. Junto com ela ganhamos escolha e ganhamos principalmente novas possibilidades.

Aprendemos a acreditar no mundo, no amor, na família e nos outros segundo a vista daqueles que já viveram e já aprenderam, mas o nosso olhar é único e é através dele que devemos percorrer o mundo e redescobri-lo.

Temos que pegar o mundo em nossas mãos e fazê-lo nosso. Temos que duvidar daquilo que nos disseram e experimentar o mundo como quem está dando os primeiros passos, sentir tudo aquilo que podemos sentir, mas sentir através do nosso tato.

Temos que pegar os nossos 5 sentidos e percorrer tudo aquilo que consideravamos correto e errado e temos que nós questionar: Há certo? Há errado? Se sim, qual o limite? Há limite?

Temos que questionar a vida. Temos que questionar a nos mesmos. Temos que questionar os hábitos e velhos conceitos. Não é necessário criar novos mas é necessário fazê-los realmente seu.

Temos que parar de dizer que sabemos de tudo. Nós não sabemos é de nada. Nós achamos que conhecemos o mundo, mas não conhecemos nem o quadrado que chamamos de lar, de nosso lar.

Temos que parar de esperar que os outros sejam seres fantásticos, temos que parar de esperar que eles sejam perfeitos. Você é um ser fantástico? Você é perfeito?

Antes de se julgar qualquer coisa neste mundo você tem que saber responder a uma única pergunta:

Quem é você?

sábado, 25 de setembro de 2010

O preço da falta de um Não

A gente sabe o que é certo fazer. A gente sabe qual o lado certo a seguir, mas a gente tem medo de tomar a atitude. De seguir nossos instintos. Então, nos calamos e, pior que isso, dizemos Sim Senhor, Sim Senhor, Desculpe-me Senhor.

Então a história toda se passa na sua frente. Você vê todas aquelas pessoas sofrendo, aquelas pessoas sendo condenadas, aquelas pessoas sendo violadas e você diz Sim Senhor, Sim Senhor, Desculpe-me Senhor (mas tudo o que você queria dizer era BASTA).

Então, no ápice de toda a trama você se apaixona, passa em sua mente dizer CHEGA, mas do mesmo jeito que entrou a idéia, ela saiu e você continua dizendo Sim Senhor, Sim Senhor, Desculpe-me Senhor.

Então, aquele para quem você sempre disse sim, aquele para quem você tantas vezes abaixou a cabeça, aquele para quem você pediu perdão, mesmo não estando errado, aquele Senhor que você seguia, tira de você o seu amor. Tira de você a sua alma. E você desaba e diz mais uma vez Sim Senhor. Desculpe-me Senhor.

Então ele tirou tudo aquilo que você tinha medo de perder e o pior, você poderia ter salvado tudo aquilo que você tinha, simplesmente dizendo NÃO.

Quando você não tem mais nada a perder, você prepara o seu melhor revólver, pega a pior bala e aponta em direção ao seu senhor. Você atira e ele cai ao chão. BUM.

E você continua ali... Vivo, Imóvel, Morto por dentro e Assassino por fora. Você continua a dizer Sim Senhor, Desculpe-me Senhor. A única coisa que muda é para quem você dirige essas palavras.

Agora...as palavras ditas são para você.

Sim Senhor. Desculpe-me Senhor.

Não. Pequena palavra. Como é dificil pronunciar esta pequena palavra. Como é dificil desatar nós antigos. Como é dificil quebrar paradigmas. Como é dificil perder a tudo aquilo que você tem, quando tudo o que era necessário, era dizer NÃO.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A porta

Quando eu ficava triste, deprimida ou achando que eu não tinha um lugar, eu ia pro meu quarto, fechava a porta, abria a janela, ligava o som e ficava horas viajando nas estrelas, nas nuvens, na lua, no céu...

Às vezes, quando eu tava feliz eu ia pro quarto, fechava a porta, colocava a música mais agitada e dançava até me esgotar, até cair na cama de sono, ou de cansaço...

Eu vivia o mundo real, mas eu brincava tanto no imaginário.

Nele eu já fiz muitas propagandas, já fui garota propaganda da Seda, da Playboy, da Nivea... já participei de BBB, de No Limite (e ganhei, é claro)... já fui atriz, já fui cantora... eu já deixei de ser eu, já tive filhos, já me casei, já mudei de casa e de país...

Mas na vida real eu ainda não cheguei perto de fazer tudo o que eu quis... mas não estou longe... estou caminhando.

Ah se a vida real fosse como os sonhos, que basta simplesmente imaginar para se tornar real... seria uma verdadeira maravilha... eu seria de tudo...

Mas não é...

Na vida real a gente não pode se fechar no quarto e esperar que subitamente entre, pelas nossas janelas interiores, as respostas. A gente tem que abrir a porta e ir pro mundo... e ele é tão grande... tão gigante...que as vezes nem sabemos por onde começar.

Quando eu era pequena, costumava me perguntar o porque da lua me seguir... A lua não me seguia... ela simplesmente estava lá... no seu canto iluminando a todos nós. Eu que sempre fazia questão de ver se ela estava lá... me olhando... me iluminando...

Quando a gente costuma sonhar muito... a gente perde as vezes o senso de real... até que um dia a gente descobre que a lua não nos seguia... então você acorda pro fato de que você estava sonhando...

Mas o melhor é saber que tudo aquilo que a gente sonha...dá pra realizar...é só uma questão de postura. Ao invés de fechar a porta. Abri-la.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

brisando

Um lenço... vermelho... cor de sangue... cor de vida... cor de morte...

Vermelho...as luzes do sol, quando o atingiam o faziam brilhar... que vermelho lindo...

O vento o levava e com ele brincava... subia...descia, ondulava... e aquele vermelho brilhava... me fazia querer voar para alcança-lo...tocá-lo...

Vermelho, no escuro...mas se via...a não ser quando cruzava uma estrela... a lua... ou quando brilhava sobre o mar... o vermelho a noite apagava... mas se fazia ver, de leve, ao longe nas estrelas...como se por um momento essas fossem vermelhas... e no outro...brancas novamente...

Vermelho cor de sangue...de morte...de vida... de amor... de toque... de brilho... de esplendor...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Se declarando...

E.. ela... nunca tinha dito em voz alta... o que ela teve ousadia de dizer...

Ela fechou os olhos... não sabia o que a esperava... mas ela não ousou voltar...

Então começou... começou pedindo perdão:

- Me desculpe... nos últimos anos eu não tenho te percebido, não tenho te dado espaço, naõ tenho te dado valor. Não, não é que eu não goste de você, por favor, não me leve a mal... na verdade eu acho que não me permiti construir o nosso relacionamento, a nossa base... mas eu agora estou pronta pra você...se você estiver pra mim... Eu espero conhecer você de cima a baixo... não, não quero de jeito nenhum tirar a sua liberdade... eu quero te conhecer em cada vôo... quero te conhecer em cada pouso e repouso, eu quero estar com você quando você estiver triste, quando precisar de mim... quero sorrir da vida com você... quero te dizer como eu amo o seu sorriso, como eu acho seus lábios lindo... quero te dizer que a coisa mais linda em você são os seus olhos... vê se a pureza do seu ser no interior deles... sei o quanto você sofreu...sei o quanto tem sido dificil, sei o quanto parece que você está só... mas você não está... mesmo que eu tenha ficado quieta, eu estava ao seu lado, eu estava te observando... talvez eu quisesse que você se percebesse sozinho... mas eu sei agora, que você precisou que alguém lhe desse a mão, e eu estou oferendo mais que ela... estou me oferecendo por completa... porque eu sei que você sem eu não é ninguém, assim como eu sem você, não existo...

Então, ela abriu os olhos...olhando para si mesma, com lágrimas nos olhos e sem medo terminou...

- Queria ao menos que você soubesse que eu não estou mais aí para os outros... porque antes deles existe você... depois em pensarei neles... primeiro eu quero te ver levantar, se descobrir e eu vou me descobrir junto... Porque eu prometo...que em quanto eu estiver aqui...e, eu vou estar para sempre... você sempre terá a mim...

Ela só não pode abraçar... porque o espelho separava ela, da sua imagem... mas ela pode entrelaçar o corpo, a mente, o espiríto... ela pela primeira vez...se deu a mão...

desabafo

Descobri que eu não posso mais chegar até o final do dia sem me dar a mão.

A gente vai, ao longo da vida e do caminho se deixando de lado... vai começando a se preocupar com os outros e passa a querer protegê-los de uma forma egoísta e irreal. Isso é não só prejudicial a eles, por não crescerem e não correrem atrás das suas vidas, como para gente porque a gente também não cresce. A gente vai se deixando de lado... vai fingindo que não sente dor... vai fingindo que tá tudo bem... que aguentasse sempre mais um pouco...

Até que o corpo diz.. Não... não dá mais

domingo, 12 de setembro de 2010

Cabeça pra baixo

Era preciso ficarmos distantes das pessoas que gostamos, por questão de momentos, para sentirmos a imensa falta que elas nos deixam.

Ficamos dia a dia com as pessoas e, já não lembramos o quanto elas nos são especiais e o quanto são importantes.

Chega um determinado momento em que já não dizemos Oi, como vai? Senti sua falta... Mas dizemos.. Você fez isso, fez aquilo, já arrumou isso e aquilo?

A gente já não quer saber se a pessoa realmente está bem... a gente já não quer mais saber... mas, quando elas se vão... ficamos sentindo que falta alguma coisa. Será que não foi sempre assim?

Relacionamentos são complicados, e não apenas aqueles que "escolhemos" alguém... são também os familiares... A gente passa o tempo todo cobrando, sem ao menos olhar para o outro e ver como ele está.

Isso é frustante.

Aí, vemos aquelas belas histórias de amor, onde ambos percebem que não há nada mais importante no mundo do que os momentos... e nos questionamos: Temos dado importância ao que realmente importa?

Acho que a resposta para isso é medonha. Não damos. Não sabemos dar. Não aprendemos a dar.

Então, vivemos o mundo, vivemos o aprendizado externo, vivemos ser alguém, ter as melhores coisas, mas não vivemos a gente, não vivemos os aprendizados internos, não vivemos dar valor as pessoas que temos, não vivemos dar valor a quem somos.

Acho que está tudo de cabeça pra baixo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Como desenrolar?

A gente começa baixando a cabeça... leva o queijo até o peitoral... depois são os ombros... eles caem para frente, depois é a cervical, que se curva com o peso da cabeça, em seguinte de 1 em 1 vão as vertebras, até chegarmos ao sacro. Depois vai a bacia... e, quando vimos... estamos com os joelhos dobrados, os pés fincados ao chão e o corpo todo pra frente. Fizemos um rolinho de nós mesmos e, desenrolar é difícil e requer coragem.

Começa assim... fiquei quieto, pare quieto, fale baixo, pare de pular, não se vidta dessa forma, coloque essa roupa, eu não quero saber faça oq eu mando, vá pro seu quarto, não fale palavrões, não assista isso, assita aquilo que eu mando, não coma isso, se force a comer aquilo, pare de comer besteiras, coma verduras, vá tomar banho, diga sempre a verdade, não é desse jeito, para, você é burro? quando percebemos, estamos com os joelhos dobrados e os pés fincados ao chão e o corpo todo para frente. Fizemos um rolinho de nós mesmo e agora, como desenrolar?

Aí, a gente amadurece... algumas dessas regras ecoam na nossa mente, corpo e espiríto, vivemos podados e achamos que estamos voando... na verdade com os pés fincados ao chão temos a impressão de voar. Esquecemos o que é ter liberdade, o que é ter a si mesmo porque chegou um momento na nossa vida em que seguimos todas as regras que nos foram impostas sem dizer chega, sem ter a maturidade pra dizer não.

Então, quando a gente percebe, a gente sente a o joelho ficando reto, a bacia se encaixando no lugar, o sacro entrando no seu cantinho e de 1 em 1, cada vertebra formando novamente nossa coluna até chegar na cervical, então sentimos os ombros ganhando postura e a cabeça levantando até o momento em que olhamos pra frente e sabemos quem somos, quem habita aquele corpo.

Levamos conosco lições, tudo o que foi dito marcou, mas essa marca já não é de medo, já não é uma marca que poda, ela é aprendizado, virou essência... nós já conseguimos virar pessoas com nossas próprias estruturas e agora, temos que criar a estrutura de um novo alguém. Bate a insegurança, será que eu também vou transformá-lo em uma bolinha? em um corpo torto?

Mas acho que às vezes... para se tornar borboleta, tem que se ser um lagarto e passar pelo casulo...

sábado, 4 de setembro de 2010

Aprendizados de uma (quase) atriz

Tem momentos na vida em que a gente sente desanimado. Parece que por mais que a gente se esforce, por mais que a gente seja bom o suficiente as pessoas não exergam. Parece que elas não querem enxergar.

É como se não fossemos nada, como se não fossemos capazes, como se estivessemos em um círculo, mas não fizessémos parte dele.

Muitas vezes eu fiquei triste, porque eu achava que ninguém sabia me dar valor... isso não era apenas no meu mundo familiar, era também no social e no de estudar. Poucas pessoas me viam e me davam o valor que eu achava que merecia.

Hoje, durante uma aula de História do Teatro, que estavámos discutindo sobre política (não a partidária, mas a do nosso cotidiado), me questionei sobre algumas certezas que tinha e, ao me olhar novamente me perguntei: "Estou sabendo me mostrar?"

Esta pergunta inquietou minha mente e meu coração.

Li, em um livro do Gasparetto, que o mundo só reflete aquilo que emitimos. Então, certamente tenho emitido as energias erradas.

O teatro, e, principalmente a peça que estamos montando e o professor que temos, tem me feito refletir sobre um bucado de coisas.

Essas coisas me incomodam porque, de alguma forma, de alguma maneira, estão impressas em quem eu sou. E, se elas fossem coisas boas, não me incomodariam.

Me incomoda o fato de ser muito politica com os outros, não abrir o jogo, não dizer quando alguém me decepciona, ou não dizer quando acho que as coisas não estão certas, eu tenho medo de magoar não só para quem eu digo o que sinto, como magoar a mim. Isso, é algo que consome a nossa essência interna, não nos permite ser quem somos e dizer o que pensamos porque estamos o tempo todo seguindo um padrão pré definido. Às vezes pensamos que quebramos as correntes, mas só quebramos aquela que vemos, aquela que percebemos como correntes.

Estamos montando Roda Vida, do Chico Buarque, e, tem uma música, que chama roda viva, que me mostra exatamente isso... como a gente permite que a roda viva (quer seja a sociedade, quer seja nossos pais, quer seja quem for), leva tudo... mesmo que tenhamos achando que estamos lutando, ela sempre leva, leva e leva, até a hora em que a gente acorda pro fato que nós podemos fazer a roda parar.

A gente pode fazer a roda parar. É só escolher, como Brechet diz em seus textos, de qual lado ficaremos... se seremos "Aquele que diz sim", ou "Aquele que diz não".

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Atravessando A linha

Ali havia uma linha.

Linha essa que eu sempre quis atravessar. Mas tinha medo.

Todo mundo que atravessava não voltava.

Eu queria porque queria saber o que havia depois daquela linha. Mas tinha medo de não voltar.

Um dia... eu criei coragem... saí de casa e fui andando até ficar a 10 metros daquela linha. Então, com meus pés presos ao chão, comecei a olhar o que havia daquele outro lado.

E, que coisa linda... um lindo rio, de tão limpo, transparente, árvores, pássaros, estava sol, assim como estava aqui, do meu lado.

Meus pés, meio que sem minha autorização, começaram a andar, eles queria ultrapassar a linha, mas quando eu estava perto de cruzá-la, meu coração os parou, não deixou...

Então eu voltei pra casa... com aquela paisagem na minha cabeça, com aquele desafio na mente. Eu queria saber o que havia daquele outro lado.

Alguns dias passaram, e minha mãe pediu que eu fosse ao mercado (que ficava muito próximo daquele lugar).... e eu fui... pensando (será que é hoje que eu enfrento meu medo?)

Então... meio que inconsciente, eu parei novamente de frente pra linha. Neste momento meu coração começou a desparar, ele sabia que eu estava decidida a atravessar. Então, começou a passar um filme pela minha mente.

Era incrível a certeza que eu tinha de que eu jamais voltaria pra lá, comecei a pensar na minha família, em como eles ficariam sem mim. Depois, comecei a pensar nos amigos... no namorado... pensei em todos os que estavam ali... que veriam o que aconteceria comigo... e eu só saberia sentindo. Pensei em mim... será que devo arricar isso tudo o que eu tenho, por um desejo inconsciente de atravessar uma linha?

E se não houver nada depois? E se não houver ouros ou prêmios? E se não houver nada?

Meu pés começaram a andar. A cada passo que eles davam, um filme novo se passava em minha mente e uma vez mais meu coração gritava de medo... O que haverá depois?

Então fiquei a um passo da linha. Alguns me olhavam me criticando, outros adimirados, alguns outros curiosos...

Eu não me olhava, eu apenas me atinha a paisagem e ao meu pé que lentamente foi se levantando do chão e passando por aquela linha.

Foi quando eu passei. Eu não olhei para trás, não quis ver o que eu tinha deixado. Segui em frente. Toquei o rio... andei pelas árvores... senti o cheiro do vento.. o cheiro da mata.

Então... caminhando, cheguei a um local que me era familiar... havia um balanço que eu conhecia bem... aaaa, essa horta... é a minha... sim, era a minha casa... então eu escuto...:

- Trouxe o que eu pedi do mercado?

- Sim... eu trouxe...

É... atravessar a linha... me fez voltar para o lugar de onde saí, mas não voltei a mesma. Não ganhei ouros ou prêmios... mas também não fiquei sem nada.

Ganhei confiança em mim... confiança nos meus passos...

A vida é cheia disso... cheia de desafios que às vezes parecem medonhos... e criamos e especulamos tanto sobre eles e às vezes é só aquilo que nosso medo monta.

Mas quando você tem a coragem de cruzar a linha, você se sente livre para seguir e para voltar... porque você terá sempre a si mesmo...

E, eu sempre tive vontade de entrar naquele lugar...

mas era tão diferente...

O que será que haveria lá?

....

Bom...

- Vamos nos encontrar amanhã?

- Amanhã? Que horas?

- Qualquer horário, estarei bem próximo a você...é só me dizer...

- Mas vamos fazer o que?

- Ah, o que quisermos... conversar e talz...

- Uhhn... tá bom!

DIA SEGUINTE

- Estou chegando.

- Estou esperando.

- (tímida) Oie...

- Oie... entra aí...

- Ahh... beleza...

( Um abraço apertado)

- Vou pegar água, já venho.

- OK...

(ela pega água e uma bala...)

- Então (pondo a mochila ao chão)... como você está

- Ah... eu...to bem e você?

- To bem também...

E os dois continuam a conversar...

- Mas que que você tanto se mexe nessa cadeira??... hahaha

- É que eu sou tímida... envergonhada...

- Envergonhada você? Diz o que vem a cabeça...

- (preocupada) Isso é ruim (pensando: mas se for também... que se foda)

- De modo algum, eu gosto!

sorrisos!

- Olha só, o que é isso...

- É o que eu to fazendo...

- Ah...que massa, e o que significa?

- Significa... A de Altura... L de largura... (se aproximando do ouvido dela)... B de...

ela vira sorrindo...

ele vem devagar...até seus lábios tocarem os dela.

Fim de papo.

- Uhn... muito gostoso...

- É?

- Uhum...

( pensando...é, eu sei)... hahahaha

Sublimes toques deslizando por cada cantinho do corpo... o beijo... descendo pelo pescoço... chegando ao peitoral, mas com mto respeito dali, não ultrapassando...

O clima começa a esquentar...as coisas vão se encaixando...

- Mas eu tenho que ir embora ?

- Ah é??

E continua beijando...

- É sério.. preciso ir...

- Tá bom...

Mas como tava bom aquilo ali... nçao dava vontade de ir...

Mas foi... foi embora...

E, tudo o que aconteceu e poderia ter acontecido ficou na imaginação... na mente...

Principalmente, tudo o que poderia ter acontecido...