segunda-feira, 30 de abril de 2012

Entre mundos completamente distintos. Caminhando sobre terrenos prestes a desabar... ou quem sabe seja apenas uma sensação. Buscando aquela luz que passou ontem por aqui e que passa, sempre que percebo que me imobilizei. O que ela é? Não sei... E não pretendo descobrir. Tenho fé na corda que seguro até a hora que soltá-la e pegar a próxima ou até a hora que não houver mais nenhuma para me apoiar. Pé frente a pé. É pra lá que eu vou. É pra lá que eu sei ir.
Olhou no armário procurando alguma roupa que lhe coubesse.

Nenhuma estava a sua altura naquele dia.

Era possível mudar tanto da noite pro dia? (ela pensara)

Olhava seus sapatos.

Nenhum combinava com a nudez de um corpo escondido por velhos trapos que não diziam nada.

Se pé, embora seu cores, trazia mais verdade do que qualquer colorido calçado.

Aquele dia estaria bom para andar nua.

Nada do que era seu, a cabia.

Pensou naqueles vestidos que fizera seus olhos brilhar dias atrás e que ao invés deles, levou a calça que disseram ser melhor para combinar.

A combinação de hoje já não existia. As roupas estavam no armário, mas ela teria que as combinar sozinha.

Mas ela as olhava e nenhuma delas ainda lhe cabia.

Foi preciso vestir-se com qualquer uma apenas para manter-se vestida.

- Nossa, como você está bonita! (ela ouviu)...

Mas ela não se sentia.

Anel...

Me dê ou prometa um anel.

Mas não é o anel que esperas. É o compromisso.

Compromisso visível que ostentarás também em seu dedo.

Leve-o mais do que nas mãos, leve-o no peito.

Compromisso tem de ser de coração.

Te prometerei então ser fiel e só o que peço é que me prometas cuidar-me.

Preciso de mais que um anel.

Preciso me sentir amada.

domingo, 29 de abril de 2012

As oportunidades que não usamos ficaram na esquina que as deixamos.

Não podemos mais retroceder. Aquela esquina pertence ao passado inacessível que temos.

Não podemos mais tocá-lo e, mesmo que pudéssemos, as oportunidades, antes convidativas teriam hoje tons cinza pastéis.

É bem provável que se voltássemos, as esquinas já não seriam as mesmas.

Não podemos acreditar que apenas nós seguimos e que o que deixamos ficou pelo caminho chorando nossa eterna ausência.

Seguimos e tropeçamos em novas possibilidades que nos convidam a abrir espaço ou ignorá-las, mais uma vez.

As escolhas, ou simplesmente escolher deixar é mais do que não se abrir, ou é diferente, é ter se aberto tanto para si e saber o que não se quer.

É perceber que não precisa mais das despedaçadas tortas do mundo porque você já confeita as suas próprias.

É entender, acima de tudo, que não é só porque estavam no nosso caminho que tem o destino de seguir conosco.

Quando é pra seguir, acabamos dando as mãos e, os passos antes desajeitados e descoordenados do início ganham sintonia.

Pode ser que estivesse na esquina, pode ser que nós é que estávamos esperando...

Aí você entende que o caminho em pedaços é exótico. Mas fatiar o seu próprio pedaço, confeitar o seu espaço, pode ser inusitadamente perfeito.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Eu me decepciono fácil, fato!

Espero que as pessoas pensem como penso, mas não ouso dizer a elas.

Espero que queiram estar comigo mais do que ver TV ou ficar ao computador.

Espero que me escutem atentos, concentrados em minhas palavras, ações e silêncios ao invés de balançar a cabeça aprovando sem saber o que aprovam.

Espero não precisar pedir apoio e ajuda, mas ter alguém pronto a estender a mão quando eu fraquejar,.

A coisa que mais espero na vida é encontrar alguém que seja companheiro porque gosta da minha companhia e que se preocupe quando eu me machucar e se importe a ponto de vencer a preguiça tão cotidiana para me estender a mão.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Como num tornado, aos poucos e sem perceber eu mesma fui criando amarras em mim. Começou em minhas pernas que não podiam viver o mundo, na verdade precisavam estar lá, onde estavam, apoiando mais que a mim, apoiando a quem precisava de apoio e assim, lhe impedi de seguir qualquer que fosse seu destino. Um nó jamais seria suficiente. Dei três, para ter certeza que não desamarrariam.

Depois, amarrei minhas mãos, elas precisavam dar mais carinho do que foram acostumadas a receber e não poderiam fugir disso, as pessoas precisavam se sentir confortáveis, cuidadas, acarinhadas. E minhas mãos não estavam prontas para tanta doação, entreguei mais que carinhos físicos, entreguei-me inteira e tira que amarrá-las também com aqueles três nós de confiança.

Pouco a pouco fui secando, ao contrário de uma flor, ao invés de desabrochar, fui secando, encolhando, me dobrando. Era necessário e, como sempre, não havia qualquer escolha que me fizesse fugir da cabeça caindo e da coluna se curvando. Era preciso estar nessa posição para servir de apoio e escada. Era necessária a cabeça baixa para não ver que eu estava só e que ninguém jamais levantaria meu rosto e me deixaria ereta novamente.

Os tempos voaram e eu nesta posição não os vi passar, até que o inesperado me surpreendeu e me arrematou, Lacrou meu olhos e ouvidos. Lacrou meu coração. Secou minhas lágrimas impedindo-as de cairem.

Fiquei sem voz e sem fala.

Sem nada.

Então, em um dia como qualquer outro eu procurei um fuga... quem não iria querer fugir em uma situação como esta?...

Comecei a fazer teatro e me lembro como se fosse ontem da minha dificuldade de fala, de improvisação...de reação instantantea. Tão acostumada a passos medidos eu me vi exposta e nua tendo que reencontrar-me com a oportunidade e tendo que soltar-me para me reencontrar.

Então, comecei pelos nós mais fáceis de serem desatados... esses doeram um pouco quando soltados, derrubou algumas lágrimas...mas continuei firme em meu propósito.

Então, mais solta e com mais criatividade, percebi que o teatro estava me ajudando a lidar com os meu próprios medos e anseios e me fazendo questionar tudo aquilo que até então era lei na minha vida.

Então, fui seguindo, questionando-me, desatando meus segundos nós... esses foram mais dificeis... mais doloridos... eles não queriam ser soltos porque sabiam que se eu os soltasse, os 3° poderiam não aguentar sozinhos. Então me jogaram na cama, me fizeram doente, me fizeram derramar mais lágrimas d que eu imaginei q meu olho podia suportar, mas tirei os nós.

E continuei, com aqueles pesos a menos.

Quase ereta, fui fazer Leonce e lena, onde, a peça me arrebatou por inteiro. Era nítido o quanto ela era tudo o que eu queria ter dito e jamais dissera, talvez jamais diria.

Então, chegou a hora de desatar o 3° nó... esse foi muito, muito dificil, além de ser o mais antigo e enferrujado, havia junto o medo de soltá-lo...e se eu já não soubesse caminhar seu os meus nós, sem apoiar as pessoas. E se eu caisse ao soltá-lo, como me reerguer?

Confesso que foi dificil, mas, aos poucos foi os destando... e foi uma avalanche de sentimentos.

É claro que eu cai ao chão...e enquanto eu queria me reerguer parecia que o mundo conspirava para q eu ficasse fechada.

Mas eu me reergui.

E me reencontrei.

Estou fresca.
Já se passou um tempo do tempo que tivemos em vão.

Já se passaram os beijos que escorreram do corpo ao chão.

Já se passaram os toques que nos tocaram em vão.

Já se passaram as tardes de sonhos no portão.

Já se passaram as letras, as músicas e poemas que escrevi.

Já se passaram os olhares daquela noite em que te vi.

Já se passou o tempo em que eu amei somente a ti...


Frio

Fez frio ontem a noite e eu busquei um cobertor pra me esquentar.

Agora, nada mais me esquenta como antes, nem mesmo aquele velho edredom em cima da minha cama.

É como se minha casa fosse de gelo e eu não tivesse percebido, ainda.

Meu pés congelam, mesmo com um, dois, três cobertores.

Nem mais a água, quando esquento na cozinha, esquenta esse meu pé gelado.

Congelado.

Meu corpo está em choque, arrepiado, roxo.

Nem um banho quente consegue trazê-lo ao seu estado natural.

Corpo frio, deitado sobre uma cama de gelo, tentando se esquentar com cobertores.

Meus lábios, outra vermelho, ficaram sem cor e tremem.

Tremem.

Eram doces e agora, aguados.

Minha casa colorida agora esbanja um tom cinza... um tom de nada.

E eu ainda busco cobertores... quem sabe aqueles 10 que possuo no armário me esquentem novamente.

Os retiro.

O frio é grande demais para qualquer cobertor...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tampou minha boca.

Todos os meus gritos e gemidos ecoaram por dentro.

Assim, meus pelos antes normais ficaram arrepiados.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Quando eu tive que ir, arrumei minhas malas.

Mas fiquei.

Guardei as roupas na mochila.

Depois recoloquei-as no armário, em seus devidos lugares.

Quando eu tive que ficar, saí, fui por aí, sem destino ou lugares, nenhuma pretensão além de não estar em lugar algum.

Quando tive que beijar, recuei.

Arranjei mil e uma desculpas.

Quando tive que te amar.

Eu amei.

Mas depois fugi, como quem ainda não acredita que tudo isso pode ser real.

Quando eu tive que te falar, me calei.

Fugi com os versos e canções que escrevi, mas não publiquei.

Quando tive que fugir, te vi.

Tentei não olhar, tentei não sentir, e senti.

Eu não quis.

E você apareceu.

Ora essa, e toda a história de fugir, de ir contra, você me encontra e eu não sei mais dar passos longe dos teus.

E toda a história de ficar, quando eu me ia, agora não consegui mais seguir se não houver você ao lado meu.

Deletei você da minha vida, eu não quis.

Eu precisei.
E aqueles olhos subitamente se viraram de encontro aos meus.

Naquele instante entre a abertura dos olhos e sua primeira piscada, o seu olhar me prendeu e me puxou, bem perto... enquanto eu tentei fugir imóvel.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Me afogo em palavras que não são minhas, mas que me pertencem ao dizerem o que eu ensaio dizer e não digo.

Me pertencem porque aqueles cotovelos dançantes da menina foram outrora meus e ficaram ressecados, como todo o resto.

Me pertencem porque sabem e dizem enquanto eu me protejo de escutar suas palavras doces e ferozes, como quando me pede para olhar-me e fecho os olhos.

Fujo. Sem saber. No intuito de não precisar descobrir que tudo fora em vão.

Todas as minhas inquietudes, os meus devaneios, as vezes em que abaixei a cabeça e segui a linha que me fora outrora traçada como guia.

Guia de nada. De ninguém.