quarta-feira, 16 de abril de 2014

Perto. Lado a lado. E, ao mesmo tempo tão solitários. Cada um em seu canto, esperando sabe-se lá o que. E o que houve com o que os juntou? O que houve com as promessas de amor além do eterno? Por onde ficaram as palavras ditas se não penetraram nos corações aos quais estavam destinados?

Uma solidão que de tão juntos parece insuportável. A imensa vontade de chorar presa a aparência de que está tudo bem. Vamos então brindar e vidrar os olhos na tv. Quem sabe a vida passa mais rápido e pareça menos dolorosa.

O que esperar de quem espera a morte ao invés de encontrar o próprio choro e aceitá-lo. Não é do choro que se tem medo, é claro, é da mudança que vem logo atrás.

Mudar, parece loucura? Estamos tão acostumados a ser isso aí, o que quer que isso aí seja.

Então, vidramos mais uma vez os olhos na tv, aceitamos a preguiça porque não temos disposição para fazer qualquer outra coisa, porque se alguma atitude tivesse que ser tomada seria necessária a força que agora já não possuimos.

Passamos a nos detestar, olhar no espelho e não gostar do que está refletido, passamos a não querer estar mesmo desejavéis para não precisar fazer qualquer outra coisa que não seja olhar pra tv. Passamos a deixar os sonhos de lado. Qual foi a última vez que se sonhou?...Já não se lembra mais. E seus planos?... ficaram para o próximo capítulo, depois que toda a série acabar.

E, acabando, vamos acabando com a gente mesmo.

Não há nada que destrua mais alguém, do que não viver enquanto se vive.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Podemos esperar o ideal. O momento certo. O momento perfeito.

O momento onde seremos irrecusáveis, extremamente apaixonantes.

Podemos esperar a hora certa de agir, de correr atrás dos nosso sonhos.

Mas aí, quando chega o grande momento, onde estamos como queremos, o momento já passou.

Adiar os sonhos, as intenções, mesmo que permanecem para nós intactas, não estarão assim para o outro. Ele não esperará a gente decidir que estamos prontos. Ou a gente está ou se prepara para a próxima.

Aí, chegamos naquele momento onde estamos prontos e vazios. Não tem pra quem entregar tamanho planejamento e se vê, ao longe, indo embora o fruto de nosso investimento nos braços de alguém que ao invés de se preparar se entregou no momento certo.

Sorte de quem viveu.

Azar de quem esperou...

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Olhar no espelho.

Não reconhecer os traços que ali estão refletidos.

Tanta coisa mudou por dentro, seria uma utopia acreditar que não mudariam também por fora.

Deixar-se de lado todas às vezes e se ver realmente abandonada ali na frente.

Sentir que aquilo que tanto se criticava, se faz, sem nem saber o motivo, talvez seja uma forma de sobrevivência, talvez de falta de amor próprio.

Olhar em volta e não ter mais mãos ou ouvidos, ombros ou sorrisos, apenas a responsabilidade e a moral inabalável.

Seria talvez uma forma de ficar dizendo "Nossa olha como você foi...Olha o que você fez... Você é um exemplo" e, quem sabe, tentar acreditar nessas palavras que hoje soam tão vazias.

Ganhar uma vez, acredite, não é mérito eterno. São necessárias várias vitórias e, uma delas, é permanecer fiel a si mesmo enquanto tanto se muda.

De qualquer forma hoje não gosto de que vejo. Sejam as bochechas enormes, ou o enorme corpo que antes eu já não gostava.

Aprendi a recomer abobrinha, couve, saladas.

Aprendi a cuidade de mim novamente há três dias e ontem, foi a primeira vez em muito tempo que reaprendi a me escutar.

Eu até ficava pensando "Por que parei de escrever?" Ontem tive a resposta: simplesmente porque parei de me ouvir.

Hoje, ainda não gosto da forma que vejo no espelho.

Mas parei de lamentar a vista...