sexta-feira, 29 de julho de 2011

Olhos

Para Milena Liberato

Nunca vi aqueles olhos chorando, ficando vermelhos, irritadiços.

Cheguei até a duvidar se um dia chorariam. Sempre tão alegres e brilhantes.

Os olhos são destinados a brilhar sabia?

Seja através do amor, da beleza, de se estar feliz...

Seja através dos choros, das cobranças, do enquadramento...

Estão destinados a ver...e vêem. Mas poucos sabem enxergar.

Seus olhos enxergam. Sua mente se nega a aceitar.

Sua mente é alienada.

Quer correr atrás de um tempo que passou como se precisasse resgatá-lo.

Ele não precisa de resgate. Ele não foi preso, não está sequestrado. Simplesmente passou.

Seus olhos vêem o mundo, mas se prendem em pequenos detalhes, como se eles pudessem salvá-lo de se esvaziar.

E, justamente esses detalhes os esvaziam...

Seus olhos possuem a sua meiguice... são o seu charme.

São a sua música já escrita... a dança já dançada... o tempo que passou e que passa...

E você corre pra alcançar o tempo que ainda não te pertence...

Assim os olhos cansam...

Porque se sabe que os olhos são destinados a brilhar.

Cabe a nós descobrir o que espelharemos no nosso olhar.

Não é pesadelo... isso eu sei

Será que foi um sonho?

Não lembro.

Sei que um dia acordei mas não me lembro de ter abrido meus olhos. Apenas vi o que eu não via. Enxerguei o que estava bem diante do meu nariz e eu teimava em não ver.

Não foi um pesadelo. É uma história de amor, dessas que a gente não sabe se é real ou o final que terá, mas é aquela história que amamos ler, escrever e assistir, entretanto, morremos de medo de viver.

Não lembro se foi ilusão, mas vi quando você sorriu e tudo a minha volta ascendeu, parece que o mundo estava sem luz e que você era o interruptor que faltava ligar.

Não sei se foi desejo mas lembro dos seus beijos leves, sutis e quentes... daqueles lábios que eu nem sequer havia beijado.

Lembro do tempo que fiquei te buscando, nas horas que eu te desejava, nos sonhos que sonhei, na nossa vida que montei...

Lembro de ter feito tudo isso de olhos abertos.

E mesmo assim... não passou de ilusão, ou sonho, ou desejo... Nomeie como quiser nomear...

Mas não foi pesadelo...

Lembro de ter imaginado, só porque estava de olhos abertos, que era tudo real... erroneamente real.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Tem sensações que não conhecem nome.

Não nos ensinaram a lidar com elas.

É um misto de tristeza, angústia e saudade.

Talvez sua melhor tradução seja morte, mas isso não chega aos pés do que ela realmente é.

É uma sensação que te invade por dentro e parece que pouco a pouco vai te enchendo de água, até o momento em que você começa a chorar.

É querer mudar o passado imutável.

É querer apagar a dor sentida a tempos atrás.

É querer poder trazer de volta alguém que nunca vai voltar.

É querer ser quem já não se é, quem jamais se voltará a ser.

Qual o nome desse sentimento que nos faz sofrer, mas não é sofrimento, que nos faz chorar, mas não é mágoa, que nos faz querer ser os donos do tempo, mas que sabemos que não podemos?

Qual o nome desse sentimento que às vezes nos culpa, às vezes conforta, às vezes nos faz pensar que poderíamos ter tentado algo diferente e às vezes nos faz entender que não há o que pudéssemos ter feito.

Qual o nome desse sentimento que nos faz querer descobrir curas para doenças, antídotos, soluções para os males que nos afetam?

Não tem nome.

A saudade, a nostalgia, o saber que nada volta, o entender que nada fica, o tentar viver apenas de termos perdido uma parte de nós.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Uma pergunta.

Você me ama?

Uma pergunta.

Ela: É claro que amo, mas, como provar o amor que sinto?

Ele: É claro que ela vai dizer que não. Eu perguntei e ela saiu, com um sorriso meio duvidoso.

Ela: Ah, tem que ser coisas pequenas, mas profundas. O amor está nos detalhes.

Ele: É tão difícil chegar nesse ponto do amor e ela ainda me deixa com essa dúvida? Será que estou sendo precipitado?

Ela: Já sei. Vou montar um sonho essa noite. E, não vou dizer que amo ou não. Vou apenas fazê-lo sentir. O amor não precisa de palavras.

Ele: É, essa noite é a decisão. Será que escolhi a pessoa certa?

Noite

Ela: Oi, como vai? Entra...

Ele: Oi amor... Que carinha é essa?

Ela: Você gostou? Eu que fiz tudo... esse jantar, ascendi as velas, escolhi a música... tudo isso sabe por quê? Porque eu queria te dizer...

Ele: Mas a gente tinha algo...não tinha? Algo especial... mas... mas... pára... Olha...

Ela: Você está terminando comigo?

Ele: Você tá terminando comigo?

João: Estamos namorando há 2 anos. 2 anos! Você vive sempre durona, fechada em si mesma, no seu mundo. Eu realmente queria que as coisas fossem diferentes, mas se é assim que elas são, paciência. Não posso viver desse jeito. Não posso viver ao lado de quem não consegue dizer, ao menos, que me ama. (Sai)

Sofia: O que você esperava? Estamos juntos a 6 meses e você me pede em casamento! Tudo isso me assusta, eu não to pronta pra dar esse passo tão grande. O amor caminha no seu tempo, se a gente apressa, ele foge. Olha... gosto muito de você... e, se você quiser podemos ser amigos... mas a gente vê... (Sai)

Ela

Pega o casaco. Está frio lá fora. Caminha tentando achar ar para respirar. As coisas se despedaçam em segundos. Até ontem ela se preocupava em como dizer... Eu te Amo.

Ele

Paga a sua bebida. Pega o seu casaco e sai. Olhar baixo. Seus pensamento voam e encontram Sofia e, ao olhar aqueles olhos azuis, dizendo adeus, caem em meio a rua.

Ela

Caminha pelo parque e para em um banco e contempla o lago, que reflete, calmamente o céu e todos que se inclinam sobre ele. Suas lágrimas são doces e revoltadas...e culpadas...

Ele

Entra no parque, começa a caminhar pelo leito do lado. Joga pequenas pedras na água como se pudesse deixar as tristezas afogarem naquelas águas iluminadas pela lua e reascender a esperança que ele perdera.

Os olhos se encontram. Ele tem olhos tristes. Ela, culpados. E, por um único momento seus olhares se curam e da mesma forma se vão, dando novamente espaço para a dor habitá-lo.

Prometo nunca mais deixar de dizer que amo - disse Ela.

Prometo nunca mais me declarar sem certeza - disse Ele.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Não posso mais pensar em você.

Não posso pensar em você.

E a culpa não é sua.

Não é pelos seus defeitos.

É pelas suas qualidades.

Pelo seu sorriso.

Seu charme.

Seu abraço.

Seu toque.


Não posso pensar em você.

E, não é por você.

É por mim.

Porque me decidi, em algum lugar do ontem, que não iria mais me apaixonar.

Assim.


Não posso mais pensar em você.

E, não é por você.

É porque tenho medo de amar de novo.

Medo de amar uma vez.

Medo de descobrir que não amo.


E, não posso mais pensar em você

Porque não quero perder meu raciocínio.

Não quero deixar de ter a mim.

Não quero perceber que sou mais fraca e mais vulnerável do que eu supunha.


Não posso mais pensar em você.

Mas penso.

Procuro o botão pra desligar o coração.

Mas a questão é:

Já se inventou tesoura para cortar esse fio invisível e resistente chamado amor?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Claro. Orucse

É claro.

Um dia, sem querermos, a angústia bate no peito e a dor teima em latejar.

Sem percebermos, acabamos desmoronando em forma de gotas que saem desgovernadas, rosto abaixo.

É claro.

Fizemos o que fizermos.

E?

O que ganhamos?

Estamos felizes?

É claro.

Sempre podemos mudar de caminhos, mas parece tão difícil, já estamos tão acostumados com este. Já conhecemos suas veredas e seus desatinos.

E, por mais que tentemos fugir disso tudo, não há muito a fazer, porque isso tudo expressa, de um jeito que não queremos, supúnhamos ou esperávamos, quem somos.

Isso assusta!

E se eu pudesse ser outra pessoa?

E se eu pudesse fazer tudo o que quero?

Eu seria feliz?

Ou será que eu cairia em meio ao tédio de ter tudo o que sonho na palma da minha mão e não dar o devido valor ao que tenho a minha volta?

É claro.

Viver não é fácil.

Espera-se de nós mais do que podemos dar e devemos o tempo todo dar o que querem, como se não fossemos humanos. Como se não tivéssemos outra escolha.

Condicionaram-nos tanto que é antinatural não aceitar essa pressão social.

É claro.

Mas a vida é como é.

A angústia bate no peito. Não tem jeito.

Precisamos correr atrás dos nossos sonhos.

E, por mais difícil que pareça, devemos correr atrás de descobrir quais são eles.

É escuro.

A vida é uma só.

Porque a desperdiçamos vivendo pelo outro?