segunda-feira, 27 de junho de 2011

Ela entrou, sentou, calada. Olhar vagando, olhando pro nada.

- Ah... tenho uma novidade muito legal!!

Respiração lenta, corpo mole, querendo cair, não se aguentando em pé. Sentou.

- hahaha... Não quer saber? Tem certeza?

Escorregava pela cadeira, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.

- Olha que é a melhor coisa do mundo!

Os pés e as pernas já estavam ao chão, o corpo continuava a cair e a cabeça ia deitando-se na cadeira.

- Bom, você não perguntou, mas eu vou dizer mesmo assim...

Se olharam!

Ela chorava.

Ele, sorria.

Ela continuou a cair, deitou-se ao chão e AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. Berrou. Calando-se em um riso dolorido.

Ele continuou a falar e andando, saiu, chorando lágrimas alegres.

Alumínio

Sorrisos amarelos em rostos que já não sabem mais sorrir.

Opacos são aqueles olhos que não sabem mais enxergar.

Pálidos são aqueles lábios que não sabem mais sentir, só beijar.

Tesão e arrepio?

Aqueles corpos não sabem mais sentir, se permitir, brincar.

Dormiu o espírito daquele que não sabe mais viver e nem amar sem regras, sem jogos, sem tentar ser quem não se é.

Perdeu-se o instinto.

Afogaram-se os sonhos nos mares de concreto para se ter, a absoluta certeza, de que eles não ressurgiriam.

Rasgaram-se sentimentos e momentos.

Triunfaram o para sempre, o fracasso, a posse e a pose.

Mudaram-se e moldaram-se feito massinhas por adultos crentes que sabem tudo.

Simplicidade passou a ser sinônimo de pobre e orgulho, de rico.

Paz passou a ser um sonho mais que impossível.

Tristeza passou a se curar com remédios. E a alegria... também.

Loucura agora é sinônimo de rebeldia e ser normal é sinônimo de ser zumbi, moldado em uma massinha verde clara.

O amanhã passou a ser presente. O presente, passado. O passado, memórias apagadas.

A bebida se tornou uma boa risada. O sexo, uma boa fuga e a família, um belo nada.

E você? Mais nada ainda - e isso é tão pouco - mas é o suficiente.

Maquiagens viraram roupas.

A mala se tornou o sonho e a liberdade, o bem maior.

Amizades são pouquíssimas e muito raras.

O amor? Mais raro ainda.

Respeito se tornou sinônimo de ser quadrado e compromisso passou a ser clichê.

A moda agora é pegar quantos puder, aproveitar, fazer muito sexo, curtir, mentir, enganar, fugir - É, isso se tornou viver.

Esse é o mundo de hoje.

Essas, as pessoas.

Em pleno 2011, já chegamos à lua, à marte. Já descobrimos várias tecnologias e curas para doenças. Já criamos vários estilos. Aceitamos o casamento gay. Bin Laden já foi morto. Há um Presidente Negro nos EUA e uma Presidenta no Brasil.

Não somos mais crianças.

E, no entanto, ainda não conseguimos abraçar, sentir, amar e respeitar ao outro. Desvendar o relacionamento humano.

Não conseguimos curar o vazio interior.

Temos tantos estímulos externos que eles acabam por pressionar o nosso corpo, que acaba pressionando nossa alma, que triste, se esconde, esperando o seu momento de ser vista, escutada, respeitada e amada.

Sabemos tanto dos outros. Desejamos imensamente ser como eles.

Mas não sabemos quem somos, não sabemos nossos pontos fortes e fracos ou como melhorar a nós mesmos.

Criam-se sujeitos amargos, depressivos, incapazes de demonstrar e receber amor.

Criam-se sujeitos medrosos. Com medo de chorar, com medo de sofrer, com medo de se mostrar fraco, com medo de amar.

Se cobra que o ser humano saiba separar a vida pessoal da profissional como se ele pudesse se dividir ao meio e deixar a metade de si, ali.

E sabe qual o pior?

Ele está aprendendo.

Ensina-se a viver para fora.

Esquece-se de dentro.



Há uma propaganda que diz, que os robôs gostariam de sentir o que sentimos.

Logo menos, nós seremos os robôs da nossa geração.

E talvez queiramos voltar.

Mas aí, vai ser tarde, porque seremos apenas, alumínio.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Cobramos e somos cobrados como perfeitos. Nos magoamos. Brigamos. Paramos de nos falar, tudo em nome da perfeição com que sonhamos e nunca, nunca atingimos. Somos imperfeitos e esperamos...esperamos...esperamos... Fato é que quando alguém morre dizemos... deveria não ter feito isso. Deveria ter respeitado aquilo. Deveria ter cobrado menos. Deveria ter sido mais tolerante. E, não somos... E, vale a pena não ser? Corremos contra o tempo na ânsia de vivermos mais. Mas o que fazemos ao vivermos mais se perdemos o dom de olhar ao outro, ouvi-lo, amá-lo? De que me adianta tempo se não tenho, no mínimo, amor, para desfrutá-lo? A vida é curta. O tempo corre. E nós matamos o tempo. Finalizamos a vida ainda vivendo-a, buscando sempre tê-la mais. Deveríamos, na verdade, aproveitá-la, com o tempo que cabe a cada um de nós e desfrutá-la sem cobranças absurdas ou desejos de perfeição. Somos imperfeitos. Somos o que somos. Nada mais

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sou o que fala. O que cala. Sou o seu silêncio. A minha voz. Sou a falta do tempo. Corro, tento alcançá-lo, mas não houve treino que me fizesse alcançá-lo. Sou aquele que me esconde. Sou aquele que te encontra. Aquele te perde. Aquele que se encontra. Sou um pouco de tudo. Um tudo de nada. Mas vivo. Apesar dos desafios. Apesar dos erros. Sou o que aprende. Ou o que acredita aprender. Sou o que sorri. O que vence. Sou o que chora. Sou o que abraça. O que beija. Sou o beijo. Sou o romance. Sou rock in roll. Sou blues e Jazz. Mas sobre tudo, sou bossa nova. Sou lua. Sou mar. Vou ao infinito. Toco o céu. Olho bem fundo, no seu olhar. Toco você. Sou a troca de olhar. Sou o sentimento que nasce. A vontade que cresce. Sou os rostos que deslizam até se encontrarem. Sou os lábios que lamentam, até outros lábios o silenciarem. Sou os corpos solitários, que se acalmam, quando repousam sobre o outro e que fogem na manhã seguinte. Sou feito de tudo. Posso proporcionar o que você estiver disposto a receber. Sou feito matéria. Mas sou mais espírito. Gostaria muito de ser alma. De ser incandescente como a lâmpada. Brilhante como as estrelas ou celebrado como o céu ou a lua. Mas sou também motivo humano. Necessidade. Sou aquilo que se sonha. Aquilo que se tem, sem se perceber. Aquilo do que se foge. Aquilo pelo que, erroneamente, matam e morrem. Eu sou mais que a morte. Mais que o medo. Sou o que sou. Não aquilo que te disseram que eu era.

Quer saber quem eu sou?

Olhe bem dentro de você.

O que vê?

Viu?

Sou eu.

Aquecimento

Calcanhar.

Meio do pé.

Dedos.

Pé direito.

Idem.

Pé esquerdo.

Feche os olhos.

Escuta a canção.

Dança!

Isso.

Só existe você na sala.

Fecha os olhos e dança.

Sinta o som.

Vai no ritmo da música.

Isso.

Abra os olhos.

Interaja.

Olhos nos olhos.

Vamos! Reaja!

Solta o quadril.

Não se toquem.

Se sintam!

Vamos!

Quadril pra direita.

Braços pra cima.

Quadril pra esquerda.

Gira.

Seio à frente.

Seio pra trás

Rebolada. rsrsrs


Vamos, se soltem!

Dancem cada vez mais.

(Agora. Música lenta)

Pintem as paredes como se fossem quadros...

Olhos baixos. Braços levemente esticados. Os olhos vão olhando de baixo para cima até que encontram minha mão. A vejo alegre, brincando acima da minha cabeça; A sigo com os olhos e, sem perceber, com o corpo. A mão brinca e, lentamente desce, meu corpo gira, meu pé esquerdo para a frente, no impulso do direito, me deito ao chão. As pernas sobem e pintam, lindamente o teto, enquanto as minhas costas pintam ao chão. A mão se mexe delicada e pontual e desenha belos castelos, com um mar na frente. Me levanto, meus quadris se mexem pintando as paredes e as portas, e meus seios desenham lindas aves que voam naquele céu inventado.

Parem.

Deitem.

Com os olhos fechamos contemplem a pintura.

Meu corpo agora está imóvel, apenas mexe pela respiração. Meus olhos fechados percorrem o castelo, vêem as aves e as flores e, de repente, algo que não me lembrava que pintei. Uma menina, de blusa vermelha que corre pelo quadro imóvel.

Toquem a tinta.

A toco. A sinto. Sinto a textura da tinta em minha mão.

Passem no rosto. Pintem cada cantinho dele.

Pastosa. Meio seca. Começo passando as bochechas. Os dedos caem pela lateral do rosto, sobem até a testa, descem pelo nariz e encontram a boca, pintam os lábios e o queixo.

Olho o quadro e a menina está me olhando, parada. E, achando tudo aquilo engraçado, sorri. Estica a mão, toca, pinta o seu rosto, se levanta e sai, dançando, ao longe, dando cor ao quadro pastel que criei.
Isso é um assalto.

Passa as melhores coisas que você tem, vamos! Anda!

Jura? Celular é o que você tem de melhor?

Não quero!!

Dinheiro?

Fica pra você!

Oi? Carro?

É isso que você considera melhor?

Então, sinto lhe informar.

Você já foi roubado.

Ou pior, morto...

Desculpa aí... serzinho.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Mundo zumbi

Passos lentos.

Qua a a a se parando.

Um susto!

Passos rápidos, velozes, sem freio.

Olhares mortos.

Mas nem por isso parados.

Quem disse que morrer é não se mover mais?

Mortos em vida.

Os olhos voam rápidos, de um lado para o outro tentando matar olhos brilhantes que se escondem.

Se escondem atrás do medo;

Da quietude;

Do silêncio.

Poderiam reascender os mortos?

Eles não sabem...

Mas podem!

São poderosos.

E são medrosos.

E são únicos, intensos, profundos.

E os pés fogem e correm nessa terra de zumbis, onde estar vivo é anormal.

Todos querem parecer mortos e viver como tal, acomodados em suas caixas.

Cadáveres de nada, que se matam, e, pelo quê?

Por quê?

Uma única razão:

Se esgotar tanto, mais tanto, para deitarem vitoriosos e de consciência limpa em seus caixões já preparados, que os espera, na próxima esquina.

Enquanto isso, os vivos fogem dos caixões e dos mortos.

Fogem das rotinas e das fugas.

Fogem da sociedade e de si mesmos.

E as poucos, seus olhares também vão parando.

Seus pés, desace le ran do.

As duras batalhas e as difíceis travessias acabam, lentamente, com eles e então vão entendendo o porque do mundo ser cheio de vivos mortos.

Ninguém os ajuda.

O brilho? Se esvai, de gota em gota, e é escondido, a sete chaves, e é silenciado, pelo lenço (que aparenta ser branco) do medo.

E nós, nós fazemos o que?

Nada.

Não fazemos nada.

Talvez porque já tenhamos morrido em vida.

Ou talvez porque estamos inventando qual será nossa causa mortis, tentando parecer heróis: "Ah... Me sacrifiquei por amor."

Morremos em vida, mas não é por amor, é por medo.

Morremos ao nos calarmos.

Morremos quando deixamos de estender a mão e quando caímos e não há mão alguma para nos ajudar a levantar.

Viramos zumbis em uma terra assombra por fantasmas que criamos, como desculpa, para nos escondermos dos outros e de nós mesmos.

Como já disse uma música: "Nessa terra de gigantes, que trocam vidas por diamantes...".

E, morremos em vida, pelo que mesmo?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Eu não quero dissertar.

Quero sentir.

Quero saber do que falo, sem pensar.

Quero saber do que calo, sem analisar.

Tem que ser sutil:

Pele que arrepia,

Lágrimas que rolam,

Lábios que sorriem.

Eu sei que temos cérebro.

Mas também temos coração.

Temos sensações e sentimentos.

Há coisas que sentimos que simplesmente não dá pra explicar.

Já se inventou palavras pra explicar o quão maravilhoso é amar?

terça-feira, 7 de junho de 2011

Brilho no Olhar

Não precisava que nada fosse perfeito.

Nem que passasse perto disso.

Fora é como se fosse apenas as cores de um quadro que muda de imagem constantemente, horas com cores amarelas, vermelhas e roxas e horas com cores azuis, verdes e cinza.

As cores se alternavam e novas cores eram criadas, inventadas, nomeadas e às vezes, simplesmente, pintadas.

Ela?

Horas morena pelo sol, horas pálida pelo frio, horas vermelha pela vergonha.

Seus olhos também mudavam de cores, camaleões do desejo se fantasiavam de acordo com os sonhos que eram pescados pelo ar, através de suas pupilas e devolvidas ao sonhador através dos lábios. Daqueles lábios macios, intensos, que continham o segredo da paixão.

Era só beijá-la e pronto: você estava preso naquela rede. Naquele misto de sensações.

Você não sabia ao certo o que estava sentindo e nem imagina que estava sendo levado até as profundezas dos seus mais secretos sonhos.

Aquele beijo era capaz de tirar qualquer pé do chão e aqueles olhos...

Ah, aqueles olhos davam asas a qualquer ser que desejasse voar.

Poucas vezes vemos.

Poucas pessoas ainda tem aquele brilho.

Aquele, que só pertence ao olhar.

Aquele, que queremos ter.

Aquele. Que quando a boca diz palavras, não importa o que exatamente está dizendo, pois as palavras saem belas e dançantes de satisfação e você vê, letra por letra saindo e se jogando, invisível, rumo ao infinito.

É aquele brilho!

Aquele brilho de inocência, não importa o quão velho ou o quão experiente seja. Mas aquela inocência de quem ainda consegue acreditar no amor.

E quando você vê aquele brilho, você também quer amar, também quer acreditar, pra ver, se de alguma forma, o amor também abre a sua janela e faz reacender o brilho da sua alma.

Porque aquele brilho não pertence aos olhos.

Não é físico.

Não adianta pingar águas ou colírios.

Aquele brilho vem de dentro e você sente que tem alguma alma habitando aquele corpo, que é um corpo qualquer, que também chora, que também ri, que também se decepciona. Mas que ama.

Ah... E como ama!

E quando a gente olha em volta: Olhos mortos, olhares vazios, pessoas incompletas.

Nos olhamos no espelho e vemos cores frias e nos perguntamos aflitos:

Onde está o meu brilho no olhar?

E minha alma?

Onde foram parar meus sonhos?

Como dizer palavras no vento que toquem o coração de alguém?

Então, em um dado momento, em que não sabemos definir, você abre seus olhos e finalmente se vê, ali.

Nossos corpos são quadros. Alguns pintados com cores frias, outras quentes e cada um com sua marca, com o seu charme, com o seu medo.

Mas nossos olhos... esses são diferentes. Ou eles não tem brilho algum, ou cintilam a cor da nossa alma.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Trocas

Silêncio.

Pra que música?

Pra que palavras?


Sinta.

Respire.

Toque.


Se deixe tocar.


Abrace, envolva, provoque, acaricie.

Seduza.

Brinque.

Leve a sério.

Excite.


Se deixe excitar.


Beije.


Se deixe beijar.


Trocas, sensações, sentimentos, emoções.

Tudo é se lançar.

E nem um A.

Nada.


Apenas as pontas dos dedos que levemente percorrem cada cantinho do corpo. O lábio que desliza pela nuca, pela barriga.


A nuca e a barriga que se deixam beijar.


O calor que invade o corpo.

As mãos que percorrem e invadem, e brincam e conhecem. E provocam.


O corpo que se deixa provocar.


Os lábios que se tocam.

As mãos que seguram o cabelo.

Os corpos que se encaixam...

A emoção que acontece.

A respiração que fica ofegante.


E a entrega que foi feita.


O feito que nos permitiu nos entregar.


Nenhuma palavra foi dita.

E no entanto, se disse tanta coisa.

domingo, 5 de junho de 2011

Atreva-se

Que atrevimento é se apaixonar.

Que ousadia!

É deixar milhões de possibilidades de beijos e carinhos por aí e trocar pelos beijos e carinhos de apenas uma pessoa.

Tem que ser A Pessoa!

Ou não.

Mas tem que nos tocar a ponto de nos deixar louco.

Se apaixonar não é pra quem é "são", é pra quem perdeu o juízo!

Para quem se permitiu perder o juízo.

É puro atrevimento:

É se declarar, sem certeza de resposta;

É dar, sem certeza de receber;

É dizer Eu Te Amo, e esperar o Eu Também de volta, ou se decepcionar quando ele não vier. Mas sem dúvida é se atrever a dizê-lo.

Se atrever!

Se apaixonar é com roupas. Para ficar nú, tem que amar. Tem que ser sem máscarar, sem poses, sem tentar impressionar.

Amor tem que ser de coração para coração.

E se não?

Se não corre o risco de cair em meio ao vão das maquiagens e das mentiras.

Para amar tem que ser mais louco ainda pois tem que se ousar ser quem é.

Tem que mostrar seus defeitos, correndo o risco de assustar quem se ama.

Mostrar suas qualidades correndo o risco de fazer quem se amar se envolver.

Para amar não pode ter medo de abrir suas asas.

De envolver e ser envolvido.

Se você perceber bem, o céu e o mar estao ligados através do horizonte.

E você e o outro também, mas é através da linha tênue chamada Amor.

A cabeça temos para questionar.

O coração, para sentir.

Coração não questiona se as coisas estão de acordo com os padrões. Para o coração não existe padrão, existe instinto. Não existe mentira, os toques, beijos e olhares são pura verdade e se duvidar, a única verdade da terra.

O amor é natural, assim como a paixão.

Mas atualmente estamos tão "sãos" que amar parece ilusão.