sábado, 22 de janeiro de 2011

Se guiar.

Me falaram, quando cresci de seriedade. Me fizeram crer que para te-la precisaria perder minha espontaneidade.

Me falaram de responsabilidade. Me fizeram acreditar que para te-la deveria parar de ousar.

Sabe qual foi pior?

Eu acreditei!

Não só acreditei como segui à risca o que me disseram... e essa risca me guiou ao caminho errado.

Eu, inocente, crente das mais belas fantasias, me vi, aos poucos, apagando meus sonhos, inventando desculpas, temendo a vida e as mudanças.

Me tornei um ser que já não sabia mais improvisar, tomar decisões.

Eu abdiquei de minhas escolhas.

Abdiquei de mim pelos outros e, quanto mais eu deixava de mim pelas ruas, mais tentava juntar as sobras de quem foi se deixando por aí.

Pensei, por algum momento, que isso me completaria, ou que de alguma forma me confortaria.

Não confortou.

Não completou.

E eu, sentindo o vazio, sabendo que havia deixado de mim pelas esquinas e não sabendo mais como reaver pedaços meus, não sabia o que eu estava fazendo para me perder tanto de mim mesma.

Então, como uma súbita lição da vida( e ela é cheia dessas) perdi alguém.

Perdi a mim, completamente.

Buscava nos meus sonhos a minha infância, os meus sorrisos, as minhas lágrimas.

Mas eu já nem lembrava o que era sonhar.

Passei algum tempo vivendo, ou imaginando que vivia.

Quando os sonhos se vão... não resta muita coisa...

Quando a gente se vai, não resta nada.

Perambulei pelas ruas do mundo...

Mas não com as minhas pernas, ou com meu corpo... eles já estavam cansados.

Perambulei com a alma. Como uma alma penada... buscando lembranças minhas... buscando pedaços meus.

Perambulei tanto, mais tanto, que não vi os dias que se passaram tornando-se meses, e nem os meses tornando-se anos.

Quando percebi, minha busca incessante já tinham virado 3 longos anos...

Então decidi parar de buscar o passado. Parar de acreditar fielmente naquilo que me diziam. Parar de me deixar sempre, à mercê de mim.

Retomei meu corpo. Redobrei a consciência e reativei, de uma vez por todas, meus sentidos.

Decidi, mesmo que deixando pedaços meus por aí, testar minhas próprias verdades. Testar aquilo que me diziam.

Testei.

Dói. Dói deixar crenças que parecem perfeitas pelo caminho. Descobrir que são falhas, imperfeitas.

Dói olhar para o mundo e não vê-lo com esperança.

Mas agora eu sou assim... acredito naquilo que vem de mim.

Já não espero que me digam quem eu sou, quem devo ser...

Não gosto que me guiem, temo que me levem sempre ao mesmo lugar, ao mesmo vazio.

Então eu mesma escrevo meus caminhos e rabisco, com lápis, meus ideais, meus sonhos...

É, voltei a sonhar, embora já não acredite, fielmente, em fantasias...

Mas achei por aí um par de asas, dourados, cheios de pó.

Os limpei... e encaixei nas minhas costas e voei...

Já tinha visto o mundo de baixo. Resolvi vê-lo de cima.

Que caos!

Quantas partes... Quantos ninguéns. Quanto vazio. Quanta solidão.

As pessoas se perdem. Fazem os outros se perderem e ainda acreditam que vivem.

Não vivem... a vida delas é em vão.

A minha não sei se é... talvez seja ao contrário, talvez eu ache que eu vivo, mas também vivo em vão.

O mundo parece um labirinto... Nosso interior também...

Acho que só resolveremos o enigma ou sairemos do labirinto quando morrermos.

Mas acho que só teremos o prazer de morrer quando tivermos coletado as mais importantes lições.

Porque o labirinto, o teste e o caos ficará no mundo...

E nós ficaremos em cada aprendizado que pudermos ter...

Então não me permitirei ser guiada... não querem que me diga o que eu devo aprender.

Não quero me perder de novo dentro de mim...

Pois tenho medo de não conseguir mais me reaver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário