sexta-feira, 6 de maio de 2011

Falando de amor...?

Esses dias me perguntaram se eu ainda acreditava no amor.

- Claro que eu acredito! - eu respondi

Fiquei me questionando o que havia feito alguém perguntar sobre essa crença no amor.

Então, comecei a reparar nas pessoas que "amam"... e li, um livro muito interessante que indico (Amar ou depender? - Walter Riso).

Fato é que o amor está sendo muito confundido ultimamente.

A maior parte das pessoas não sente "amor".

Sente "necessidade".

É claro, que eu não vou fazer o tipo hipócrita que diz que estamos com as pessoas porque simplesmente gostamos.

Todas as relações tem interesse.

Não precisam ser interesses negativos.

Mas de qualquer forma há o interesse.

E isso é normal.

Não questiono isso.

Questiono a dependência afetiva.

Quantas desculpas inventamos para continuar nos relacionamento?

- Ele me bate, mas prometeu que nunca mais fará de novo.

- Ele me trai, mas me disse que me ama e que nunca mais me trairá de novo.

- Ela me critica, me põe pra baixo, mas o que posso fazer? Não consigo viver sem ela!

- Ela colocou na lista fazer sexo 2 x por semana, mas olha, a gente se ama viu!

etc, etc, etc.

Pablo Neruda escreveu uma frase que diz:

"Se sou amado, quanto mais amado, mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, devo esquecer também, pois o amor é feito espelho: tem que ter reflexo."

O amor tem que ter reflexo!

O amor é feito de dois. É feito de troca.

Não podemos nos colocar 100% em um relacionamento onde nosso parceiro não põe nem 10%. Se fazemos isso o risco que corremos de morrermos no amor é grande.

Mas as pessoas adoram um sacrifício!

Amar não é sucumbir em vida. Não é deixar de ter seus gostos, seus sonhos, suas expectativas para ter a dos dois.

O livro tem uma frase budista que eu achei incrível que diz:

Tudo flui, tudo muda, tudo nasce e morre, nada permanece, tudo se dilui; o que tem príncipio tem fim, o que nasceu morre e o composto se decompõe. Tudo é transitório, insubstancial e, portanto, insatisfatório. Não há nada fixo em que se aferrar".

Assim é o amor.

Porque assim somos nós.

Desamamos.

Morremos.

Faz parte da vida.

Só que não aprendemos isso e esperamos que para sempre tenhamos aquele amor.

Não gostamos de ficar sozinho.

Precisamos de um companheiro, de um cúmplice, de um apoio, de um motivo, de uma razão.

Só que não é apenas o outro que pode nos dar isso.

É uma coisa que minha mãe sempre me falou:

"Nosso coração é como um bolo, onde podemos cortar várias fatias: Uma para a família, uma para os estudos, uma para o trabalho, uma para o amor e a principal: uma para nós mesmos. E assim, quanto mais coisas surgirem que nos façam feliz, que nos completem, mais uma fatia criamos no nosso coração. Se fizermos do nosso coração apenas uma fatia e entregarmos para qualquer parte da nossa vida e o pedaço cair ao chão, o que acontece? Não sobra nada."

O amor tem que ser uma das fatias do nosso coração.

Ninguém é obrigado a suprir todas as suas necessidades e carências e se alguém o faz, ou o faz porque te ama, ou o faz para não te perder.

Fato é que hoje em dia fazemos mais para não perdermos do que realmente por amarmos.

Quando amamos, não precisamos estar o tempo todo com o outro ou se doar completamente, podemos continuar sendo quem somos e agregarmos um ao outro.

Não que um relacionamento a dois seja sempre um mar de rosas.

Somos humanos e assim como brigamos com nossos pais e amigos, brigaremos também com nossos amores.

O que não podemos deixar acontecer é nos anularmos achando que estamos vivendo um puta amor.

Até porque se esse puta amor te dá um puta pé na bunda, você fica com um puta vazio no peito, sem nem saber por onde começar, porque já nem sabe quem se é.

Então esse meu amigo me perguntou se eu acreditava em amor.

- Claro que eu acredito - respondi.

O amor, para mim, é o mais sublime dos sentimentos. É simplesmente lindo.

Finalizo com um poema também no livro de Fernando González:

"E morro porque não morro... Eterno prazer amargo esse do amor! Desejo perpétuo de possuir tua alma e perpétua distância de tua alma! Sempre seremos tu e eu; sempre, apesar de meus olhos fitarem os teus e muito perto, haverá um espaço em cada um onde se forma uma imagem mentirosa do outro... Como é possível entender o que sentes ao ouvir aquela música, se minha alma é diferente da tua? Egoísmo amargo este do amante: querer ser um onde há dois; querer lutar com o espaço, com o tempo, com o limite!"

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