quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Brizando total

Estou saindo do meu prédio. Olhando o lugar onde moro por fora, ele tem muitas proteções. Parece um presídio chique, pintado de vermelho e branco e com grades pretas.

A rua é silenciosa. Está molhada. A noite está fria.

Eu estou de shorts preto, meias brancas e casaco preto também.

Sinto meus pés criarem um caminho nesta rua molhada, mas, ao olhar para trás, não vejo e não deixo pegadas. Ando sempre em frente buscando... não sei o que.

Atravesso ruas, todas estão do mesmo jeito. Todas as casas tem as mesmas proteções. O que difere são as cores que elas tem.

Chego a uma avenida. Há luz. Há som. Há carros. Pessoas me olham esquisito, como se me julgasse. Por que me julgam? Me consideram diferente. Mas por quê? Temos o mesmo casco. Temos o mesmo sangue. Temos a mesma forma. Mas elas tem medo de mim. Dizem que eu sou suja. Não! EU tenho minha meia branca, limpa. Não, eu não tenho, ela agora está suja. Ela coletou sujeira durante todo o trajeto. Mas eu tenho casa. Mas eu não deixei marcas. Eu não sei voltar. Eu só sei seguir. Eles só sabem me questionar, me criticar, me julgar. Julguem... continuem julgando... tirem seus sapatos e caminhem com suas meias brancas. O que vocês verão? elas também colhetarão sujeiras. Há muita imundice nas ruas do mundo. Há sim. Mas vivemos protegidos, achando que nunca chegará aos nossos pés. Sempre chega... um dia você julga e no outro você é julgado... e no outro você julga... até que a noite cede... a luz reaparece e você anda reconhecendo o lugar e chega ao seu prédio prisão vermelho e branco e com proteções pretas...

Aí, qual a primeira coisa que você faz? você tira a suas meias e põe para lavar. Elas ficam limpas e brilhantes e você esquece toda aquela imundice. Você pode esquecer. Você está protegido. Você tem a oportunidade. Um dia...pode ser que não haja mais como lavar as meias... e aí, teremos que enfrentar a realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário