quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O que importa?

Um dia alguém me disse que nós só vemos 10% das coisas. Os outros 90% estão escondidos, como um iceberg dentro do oceano, e, se tratando de pessoas, dentro delas mesmas.

Nesses 10% nós criamos empatias, expectativas, nos apaixonamos, ou simplesmente detestamos.

Algumas vezes essa pequena porcentagem mostra a realidade. Em outras, nos confunde completamente. Às vezes achamos que conhecemos tão bem uma pessoa, mas tudo aquilo era só fachada... e não chegamos a conhecer nada, apenas a aparência.

Temos a mania tão grande de apontar o dedo, sem ao menos bater um papo, chamar para uma conversa, se interessar em conhecer o outro. Afinal, julgar é algo tão simples e fácil, e ao mesmo tempo, tão solitário.

Imagina se alguém iria querer, por a roupa de mergulho e ir bem fundo para saber a essência de um iceberg. Imagina para saber de uma pessoa, se não temos como mergulhar de um jeito físico, tudo depende de relações, de coisas não palpavéis. Ninguém mais quer mergulhar sem ter a convicção de que aquilo é real, de que a ciência comprova que é.

Antes de termos ciência, ou religião, aprendemos a andar, a falar, a comer, a sentir... e principalmente a sentir. Pode, pode ser que os sentimentos errem às vezes a direção, mas para isso que existem os aprendizados. Ou não?

As relações hoje estão tão desgastadas. O outro parou de importar. O que importa de verdade é o umbigo de cada um... A verdade que cada um construiu. São verdades tão contrastantes e irreais que ficamos perdidos meio a elas.

Deixamos de ser do mesmo grupo...passamos a criar cada um o seu grupo, mesmo tendo cascos semelhantes e sentimentos parecidos, achamos que somos mais importantes uns que os outros... E aí de quem disser que não somos.

Aí, eu fiquei me perguntando, será que isso é porque não conhecemos os 90% dos outros, ou será que é porque só conhecemos 10% de nós?

Vejo, a minha volta, e às vezes até em mim mesma, como estamos tentando insistentemente viver o mundo e nos esquecemos de olhar para nós e nos perguntarmos: Quem eu sou?

Quem é você?

Acho que, queremos tanto, mais tanto sermos os melhores em coisas supérfulas que deixamos de desejar o melhor para nós mesmos.

Não que seja ruim ter uma boa casa, um bom carro, poder comer uma boa comida e viajar por aí... mas, quando a gente junta apenas coisas de fora, não temos, ao menos uma boa companhia, porque nem a nós mesmo temos.

A gente não olha os 90%, ou a essência do outro, porque estamos acostumados a viver com apenas 10% de nós mesmos.

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