É claro.
Um dia, sem querermos, a angústia bate no peito e a dor teima em latejar.
Sem percebermos, acabamos desmoronando em forma de gotas que saem desgovernadas, rosto abaixo.
É claro.
Fizemos o que fizermos.
E?
O que ganhamos?
Estamos felizes?
É claro.
Sempre podemos mudar de caminhos, mas parece tão difícil, já estamos tão acostumados com este. Já conhecemos suas veredas e seus desatinos.
E, por mais que tentemos fugir disso tudo, não há muito a fazer, porque isso tudo expressa, de um jeito que não queremos, supúnhamos ou esperávamos, quem somos.
Isso assusta!
E se eu pudesse ser outra pessoa?
E se eu pudesse fazer tudo o que quero?
Eu seria feliz?
Ou será que eu cairia em meio ao tédio de ter tudo o que sonho na palma da minha mão e não dar o devido valor ao que tenho a minha volta?
É claro.
Viver não é fácil.
Espera-se de nós mais do que podemos dar e devemos o tempo todo dar o que querem, como se não fossemos humanos. Como se não tivéssemos outra escolha.
Condicionaram-nos tanto que é antinatural não aceitar essa pressão social.
É claro.
Mas a vida é como é.
A angústia bate no peito. Não tem jeito.
Precisamos correr atrás dos nossos sonhos.
E, por mais difícil que pareça, devemos correr atrás de descobrir quais são eles.
É escuro.
A vida é uma só.
Porque a desperdiçamos vivendo pelo outro?
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