terça-feira, 7 de junho de 2011

Brilho no Olhar

Não precisava que nada fosse perfeito.

Nem que passasse perto disso.

Fora é como se fosse apenas as cores de um quadro que muda de imagem constantemente, horas com cores amarelas, vermelhas e roxas e horas com cores azuis, verdes e cinza.

As cores se alternavam e novas cores eram criadas, inventadas, nomeadas e às vezes, simplesmente, pintadas.

Ela?

Horas morena pelo sol, horas pálida pelo frio, horas vermelha pela vergonha.

Seus olhos também mudavam de cores, camaleões do desejo se fantasiavam de acordo com os sonhos que eram pescados pelo ar, através de suas pupilas e devolvidas ao sonhador através dos lábios. Daqueles lábios macios, intensos, que continham o segredo da paixão.

Era só beijá-la e pronto: você estava preso naquela rede. Naquele misto de sensações.

Você não sabia ao certo o que estava sentindo e nem imagina que estava sendo levado até as profundezas dos seus mais secretos sonhos.

Aquele beijo era capaz de tirar qualquer pé do chão e aqueles olhos...

Ah, aqueles olhos davam asas a qualquer ser que desejasse voar.

Poucas vezes vemos.

Poucas pessoas ainda tem aquele brilho.

Aquele, que só pertence ao olhar.

Aquele, que queremos ter.

Aquele. Que quando a boca diz palavras, não importa o que exatamente está dizendo, pois as palavras saem belas e dançantes de satisfação e você vê, letra por letra saindo e se jogando, invisível, rumo ao infinito.

É aquele brilho!

Aquele brilho de inocência, não importa o quão velho ou o quão experiente seja. Mas aquela inocência de quem ainda consegue acreditar no amor.

E quando você vê aquele brilho, você também quer amar, também quer acreditar, pra ver, se de alguma forma, o amor também abre a sua janela e faz reacender o brilho da sua alma.

Porque aquele brilho não pertence aos olhos.

Não é físico.

Não adianta pingar águas ou colírios.

Aquele brilho vem de dentro e você sente que tem alguma alma habitando aquele corpo, que é um corpo qualquer, que também chora, que também ri, que também se decepciona. Mas que ama.

Ah... E como ama!

E quando a gente olha em volta: Olhos mortos, olhares vazios, pessoas incompletas.

Nos olhamos no espelho e vemos cores frias e nos perguntamos aflitos:

Onde está o meu brilho no olhar?

E minha alma?

Onde foram parar meus sonhos?

Como dizer palavras no vento que toquem o coração de alguém?

Então, em um dado momento, em que não sabemos definir, você abre seus olhos e finalmente se vê, ali.

Nossos corpos são quadros. Alguns pintados com cores frias, outras quentes e cada um com sua marca, com o seu charme, com o seu medo.

Mas nossos olhos... esses são diferentes. Ou eles não tem brilho algum, ou cintilam a cor da nossa alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário