Opacos são aqueles olhos que não sabem mais enxergar.
Pálidos são aqueles lábios que não sabem mais sentir, só beijar.
Tesão e arrepio?
Aqueles corpos não sabem mais sentir, se permitir, brincar.
Dormiu o espírito daquele que não sabe mais viver e nem amar sem regras, sem jogos, sem tentar ser quem não se é.
Perdeu-se o instinto.
Afogaram-se os sonhos nos mares de concreto para se ter, a absoluta certeza, de que eles não ressurgiriam.
Rasgaram-se sentimentos e momentos.
Triunfaram o para sempre, o fracasso, a posse e a pose.
Mudaram-se e moldaram-se feito massinhas por adultos crentes que sabem tudo.
Simplicidade passou a ser sinônimo de pobre e orgulho, de rico.
Paz passou a ser um sonho mais que impossível.
Tristeza passou a se curar com remédios. E a alegria... também.
Loucura agora é sinônimo de rebeldia e ser normal é sinônimo de ser zumbi, moldado em uma massinha verde clara.
O amanhã passou a ser presente. O presente, passado. O passado, memórias apagadas.
A bebida se tornou uma boa risada. O sexo, uma boa fuga e a família, um belo nada.
E você? Mais nada ainda - e isso é tão pouco - mas é o suficiente.
Maquiagens viraram roupas.
A mala se tornou o sonho e a liberdade, o bem maior.
Amizades são pouquíssimas e muito raras.
O amor? Mais raro ainda.
Respeito se tornou sinônimo de ser quadrado e compromisso passou a ser clichê.
A moda agora é pegar quantos puder, aproveitar, fazer muito sexo, curtir, mentir, enganar, fugir - É, isso se tornou viver.
Esse é o mundo de hoje.
Essas, as pessoas.
Em pleno 2011, já chegamos à lua, à marte. Já descobrimos várias tecnologias e curas para doenças. Já criamos vários estilos. Aceitamos o casamento gay. Bin Laden já foi morto. Há um Presidente Negro nos EUA e uma Presidenta no Brasil.
Não somos mais crianças.
E, no entanto, ainda não conseguimos abraçar, sentir, amar e respeitar ao outro. Desvendar o relacionamento humano.
Não conseguimos curar o vazio interior.
Temos tantos estímulos externos que eles acabam por pressionar o nosso corpo, que acaba pressionando nossa alma, que triste, se esconde, esperando o seu momento de ser vista, escutada, respeitada e amada.
Sabemos tanto dos outros. Desejamos imensamente ser como eles.
Mas não sabemos quem somos, não sabemos nossos pontos fortes e fracos ou como melhorar a nós mesmos.
Criam-se sujeitos amargos, depressivos, incapazes de demonstrar e receber amor.
Criam-se sujeitos medrosos. Com medo de chorar, com medo de sofrer, com medo de se mostrar fraco, com medo de amar.
Se cobra que o ser humano saiba separar a vida pessoal da profissional como se ele pudesse se dividir ao meio e deixar a metade de si, ali.
E sabe qual o pior?
Ele está aprendendo.
Ensina-se a viver para fora.
Esquece-se de dentro.
Há uma propaganda que diz, que os robôs gostariam de sentir o que sentimos.
Logo menos, nós seremos os robôs da nossa geração.
E talvez queiramos voltar.
Mas aí, vai ser tarde, porque seremos apenas, alumínio.
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