quarta-feira, 15 de junho de 2011

Aquecimento

Calcanhar.

Meio do pé.

Dedos.

Pé direito.

Idem.

Pé esquerdo.

Feche os olhos.

Escuta a canção.

Dança!

Isso.

Só existe você na sala.

Fecha os olhos e dança.

Sinta o som.

Vai no ritmo da música.

Isso.

Abra os olhos.

Interaja.

Olhos nos olhos.

Vamos! Reaja!

Solta o quadril.

Não se toquem.

Se sintam!

Vamos!

Quadril pra direita.

Braços pra cima.

Quadril pra esquerda.

Gira.

Seio à frente.

Seio pra trás

Rebolada. rsrsrs


Vamos, se soltem!

Dancem cada vez mais.

(Agora. Música lenta)

Pintem as paredes como se fossem quadros...

Olhos baixos. Braços levemente esticados. Os olhos vão olhando de baixo para cima até que encontram minha mão. A vejo alegre, brincando acima da minha cabeça; A sigo com os olhos e, sem perceber, com o corpo. A mão brinca e, lentamente desce, meu corpo gira, meu pé esquerdo para a frente, no impulso do direito, me deito ao chão. As pernas sobem e pintam, lindamente o teto, enquanto as minhas costas pintam ao chão. A mão se mexe delicada e pontual e desenha belos castelos, com um mar na frente. Me levanto, meus quadris se mexem pintando as paredes e as portas, e meus seios desenham lindas aves que voam naquele céu inventado.

Parem.

Deitem.

Com os olhos fechamos contemplem a pintura.

Meu corpo agora está imóvel, apenas mexe pela respiração. Meus olhos fechados percorrem o castelo, vêem as aves e as flores e, de repente, algo que não me lembrava que pintei. Uma menina, de blusa vermelha que corre pelo quadro imóvel.

Toquem a tinta.

A toco. A sinto. Sinto a textura da tinta em minha mão.

Passem no rosto. Pintem cada cantinho dele.

Pastosa. Meio seca. Começo passando as bochechas. Os dedos caem pela lateral do rosto, sobem até a testa, descem pelo nariz e encontram a boca, pintam os lábios e o queixo.

Olho o quadro e a menina está me olhando, parada. E, achando tudo aquilo engraçado, sorri. Estica a mão, toca, pinta o seu rosto, se levanta e sai, dançando, ao longe, dando cor ao quadro pastel que criei.

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