segunda-feira, 4 de abril de 2011

O escolhido

Pessoas sentadas ao chão.

Algumas escondidas atrás das outras.

Outras na forma de um feto, com o joelho encostado no peito.

Outras tantas normais, tentando aparentar calma, que seus olhos, contradiziam.

Uma sentença foi dada!

Alguém dentre todas as pessoas que ali estavam havia sido escolhida.

Ele estava distante, olhos compenetrados, mãos dançantes, aparência tranquila, mas seu coração maquinava impulsos buscando uma saída.

Dois grandes homens vinham em sua direção e junto o medo percorria suas veias e dava choquinho em suas terminações nervosas.

Eles pararam, um de cada lado do rapaz que permanecia com os olhos compenetrados.

Ele sabia que a hora tinha chegado.

Pegaram-no.

Fogos de artifício explodiram em suas barrigas.

Levaram-no até o mais alto dos prédios.

Os que não haviam sido escolhidos desafrouxavam o medo e olhavam, sussurando>

- Ele vai morrer!

- Ele já era!

- Antes ele do que eu!

E o escolhido, olhando para baixo, com o coração querendo fugir do corpo para não morrer junto, tentava respirar.

Os dois homens o soltaram.

E ele, como se soubesse que era necessário fazer aqui, mesmo sem ninguém ter lhe dito, se jogou!

Todos olharam admirados:

- Quanta ousadia!

- Que fuga mais bela!

Enquanto o escolhido caia, o medo ia sendo levado pelo vento. Ele pensava em sua vida. Os segundos que faltavam para levá-lo ao chão transformaram-se nos anos que ele até ali havia vivenciado.

Ao chegar ao chão, escutou palmas.

Muitas e muitas palmas.

Ele abriu os olhos, olhou para o corpo, percebeu que estava intacto.

Se levantou e viu aquela multidão que se levantou junto para aplaudi-lo.

É, definitivamente eu me joguei!

Agradeceu.

Saiu!

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